"Comece pelo começo - respondeu o Rei, muito sério - E vá até o fim. Quando terminar, pare." (Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Desse amor

Minha flor,
não me jogue sorrisos rasgados
não me olhe tão desconcertado
você já não me conhece, não mais.

Minha flor,
não volte os relógios pra trás
dê adeus ao tempo arrastado
e retrate sua vida ao real.

Minha flor,
Por que deixaste seus olhos perdidos?
Amor não reconhecido
me fazendo alguém tão banal.

Meu amor,
vê, você anda areias passadas
finda sua longa estrada
não, não estarei no final.

Porque
Meu amor,
o que sobra de nós, essas chagas doídas
um dia hão de virar só ferida
e fechar.

A verdade
Meu amor,
é que ainda me dói em demasia
que nem a lágrima que meu rosto umedecia
entende mais.

Seca...

Inspiração: Amor Marginal ^

sábado, 6 de agosto de 2011

Je t'aime!


Eu queria escrever uma história
sobre Elysia.
Mas ela se casou, 
mudou pra França
e teve dois filhos gorduchos.
Devia ter entregado aquelas flores.
E o chocolate era meio amargo.
Parece que meu coração morreu.
Merde.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sobre proteção.

   João Gabriel estava aproveitando suas férias com a mulher e os filhos em sua fazenda. A mulher era jovem como ele e os filhos eram gêmeos, um casal.
Enquanto brincava na lagoa com as crianças recebeu uma ligação do trabalho, precisava assinar alguns papeis da empresa.
- Geovana, Heitor! Hora de voltar! Papai tem que ir. Vamos, saindo da água os dois. Quem sair por último ganha cosquinhas.
As crianças saíram e quando os três chegaram à casa na fazenda, Bertie, o labrador, latia loucamente com o olhar fixo na cerca.
João colocou os filhos em casa, beijou a esposa e saiu depressa ainda explicando porque tinha que ir e que logo voltaria.
- Bertie, pare de latir pro nada, garoto. Preciso sair, vamos!
João entrou no carro. Quando já tinha saído da fazenda, olhou o retrovisor e viu um par de olhos. Freou bruscamente, tinha uma pessoa no banco de trás. Arrepiado, virou-se para ver quem era e não tinha ninguém. Respirou fundo e voltou a dirigir. Quando estava já no meio da ponte, João sentiu seu carro desacelerando mas ele não pisava no freio e o tanque estava cheio. Tirou o pé do acelerador e as mãos do volante. O carro começou a voltar. Sozinho. Tudo voltava, os carros que João havia ultrapassado passavam novamente por ele, as árvores ao final da ponte pareciam andar para frente. Era como se o tempo estivesse voltando. O tempo estava voltando. João chegou na fazendo, saiu do carro, falou com Bertie, beijou a esposa, foi com os filhos no lago, tudo involuntariamente. Era como se todos estivessem numa hipnose que os fizesse voltar, exceto João. Ele voltava sem o comando de sua mente, ele estava assustado. Quando desligou o celular as coisas voltaram ao normal. Mas João não conseguia falar. Estava sem fôlego, o coração acelerado. Olhou para os filhos mas não conseguia mandá-los sair da água. Bertie vinha correndo, pulou em João e o jogou na água.
- Bertie!
João siau da água, mandou os filhos voltarem para a casa e foi pegar Bertie que estava correndo. Quando alcançou o cão, viu que sua coleira estava presa em um arbusto. Demorou um pouco para soltá-lo e voltou para a casa. Ao entrar, enquanto falava para a mulher que teria que voltar à empresa por alguns minutos, ouviu-se um barulho ensurdecedor, como se fosse uma explosão. João Gabriel chegou na janela para ver o que era. Havia um jovem encostado em seu carro acariciando Bertie. Ele tinha os olhos que João vira no retrovisor e mais, tinha asas. O jovem sorriu para João que estava sem reação na janela e saiu andando pela estrada.
A ponte havia caído.