"Comece pelo começo - respondeu o Rei, muito sério - E vá até o fim. Quando terminar, pare." (Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Sobre conformismo.


Meu nome é Humberto, tenho 27 anos e sou programador. Eu sou feliz.Na verdade eu queria mesmo era ser músico, mas até gosto de conviver com as máquinas da minha sala. Trabalho de oito da manhã às seis da tarde. Nesse frio não dá vontade de levantar da cama e ir, mas preciso resolver aqueles problemas lá, então... Queria ir com a blusa da banda que eu acho mais foda, mas é um local de trabalho então vamos manter as aparências. Não quero ir de ônibus hoje, quero ir a pé com meus fones no ouvido. Mas será que dá tempo?, porque eu não posso me atrasar. Ah, é só eu tomar café na rua mesmo, até bom que eu encontro uma desculpa pra dar bom dia pra moça da cafeteria. Na verdade eu nunca falo nada, só entrego o papelzinho com o pedido do café e sorrio pra ela que me sorri de volta. Na minha mente eu já convidei ela pra sair depois de pegar meu café, nós já nos beijamos e estamos namorando. Olho pro relógio mas ele parece desacelerar quando se aproxima a hora do meu almoço. Quero hamburguer e fritas, ou uma pizza. Mas vou no  restaurante aqui do lado mesmo e como o arroz, feijão e macarrão de sempre. É mais econônico e demora menos. A atendente hoje está com algum problema... Ela apoia o rosto triste numa das mãos enquanto a outra risca vacilante um papel que parece ser o cardápio. Ela tem os olhos abertos mas não vê nada. Eu sei como é. Pagar e conta e ir. É... Somos eu e meu computador de novo. E o barulho das teclas. E do telefone. O dia todo. Queria voltar pra casa a pé também, pra ver as pessoas na rua e respirar... Mas estou muito cansado pra isso. Vou de metrô, onde todo mundo olha todo mundo mas ninguém conversa com ninguém. Mas são tantos pensamentos que eles parecem esmagar as pessoas. Chego em casa, tomo um banho, abro uma cerveja, me jogo no sofá e fico por lá. Deve ter algum filme passando ou qualquer outra coisa... É só o tempo de eu cair no sono mesmo. Afinal eu sei que nesse sistema eu sou apenas 'um berto' no meio de tantos outros, escondidos por aí aos olhos de todos.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sobre você que não vai me ler.


Normal você dizer que não consegue viver sem determinada pessoa. Mas eu aprendi da maneira mais difícil que a única coisa sem a qual nós não podemos viver é o oxigênio. Quando eu fiquei sem o meu amor que já não é mais meu, chorei tanto que em um dos meus soluços ele me faltou... o oxigênio. Morri. E eu ainda não me conformo de tê-lo perdido... o meu amor que já não é mais meu.