Hoje eu quero falar sobre Calatrava, Santiago Calatrava. Os
olhos verdes de Laura nunca brilharam tanto como quando estávamos na Ponte de La
Mujer. Minha mulher, Laura. Enquanto eu me impressionava com aquela estrutura e
sua complexidade, Laura poetizava sobre o movimento daquela ponte e fazia
metáforas sobre seu nome de mulher e sua estrutura rígida nada humana. Eu sou
engenheiro, Laura é arquiteta. No meio das metáforas desisti de ouvi-la, era
subliminar demais. Mas nem por isso deixei de acompanhar sua pequena boca de
lábios delicados proferindo aquelas palavras fazendo-as parecer sagradas. E o
modo como ela gesticulava, parecia até uma coreografia ali. Coisa de mulher, de
mulher arquiteta... Seus cabelos loiros levemente ruivos acompanhavam o
vento... Outra coisa que eu nunca entendi, loiro levemente ruivo. Pra quê
tantas cores? Não dava pra ser mais exato? Coisa de mulher, de mulher
arquiteta... Mas nada superava aqueles olhos. Os olhos verdes de Laura, os
olhos verdes da arquiteta Laura, os olhos verdes da minha mulher Laura. Eles
brilhavam refletindo as águas de Puerto Madero. E tudo nela brilhava refletindo
minha imagem... Como amo Laura, como ela me amou. Estou falando de Laura...
Coisa de homem, de homem apaixonado... Hoje eu quero falar sobre Calatrava.
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