No começo era o contrário. No começo eu flutuava e fazia questão de me
esforçar pra ficar no mais alto que era pra não ter que esbarrar em nenhuma beirada
sua. Não era autossuficiência, era medo. E como absoluta covarde que sou, num
soluço de coragem eu pousei. Pousei calculadamente. Mas era só um soluço e a
estação dos ventos não veio pra me levantar de novo. Que estupidez, cegar-se
diante do desconhecido. Foi logo depois de dar alguns poucos passos que
constatei que acabei me machucando no meu pouso, mesmo eximiamente calculado.
Você rodopiava um cata vento em cores para todos os lados que me fez rodar, e
tontear, e perder o ar, e titubear, e me lançar, e eu me perdi. Agora eu vejo
que muito pouco fez sentido antes disso, mesmo sabendo que muito pouco já fizera
sentido pra você um dia. Ironicamente, quem acabou fazendo a cascata na minha
vida foi você. Você me insinua a viver sem precisar de nenhum esforço, sem nem
saber. Você me faz arriscar, menina! Mas é segredo. E é bem contrário ao que eu
pensei... Bem contrário ao começo.
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