"Comece pelo começo - respondeu o Rei, muito sério - E vá até o fim. Quando terminar, pare." (Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll)

domingo, 8 de julho de 2012

Sobre o átrio direito.

Intenso. Tudo. Quente ou frio, mas não morno. Porque o que é morno não queima, e o que não queima não marca. E o que não é frio não causa arrepios. Na pele. À flor da pele. Expôr superficialmente o que é profundo. Profundo tanto, que escuro. No escuro, porque tudo que é diferente torna-se igual aos olhos do cego. Os olhos. Deixem-se beijar sozinhos, os olhos. E se afundarem, e se trombarem, e se devorarem, e se perderem, e se entorpecerem. Entorpecendo-se, deixam o corpo em estado dopado. Leve, ao balanço do nada, ao balanço do tudo. Ao meu balanço. Deixando levar como a água. Lavando a alma como a espuma do mar. A maré. Amar é... Renovar nostalgias. Viver as surpresas transformando-as em saudades. Muitas. Tantas que ficam inteiras. As metades, ficam. Não sabe ser metade quem sente por inteiro. Nem precisa. Mas precisar, não. Não? Até porque, 'por que não?' é sempre sim. E sim é inteiro. Da cabeça aos pés. Pés que não estão atrás porque sabem pular a pedra, recuperar o passo do tropeço e virar pro lado o caminho. Caminho, ca. Caminho, inho. Vem cá. Vem cá pro nosso ninho. Novinho, ele. Quentinho. Só esperando você chegar. Pra saber como foi o dia, pra rir de novo das velhas manias, pra acordar, pra enlouquecer, pra acalentar, pra se entender. E viajar... Pra perto, pra longe, pra qualquer lugar. Ar, ah. Deixa pra lá, deixa que falte o ar. Ah, deixa faltar. Deixa faltar o peso, deixa faltar o que de mim te toma, porque agora a soma é só você + eu. E deixa ser assim. Assim, sim, silêncio. Nada. Que o nada vira tudo, meu bem. E tudo é como deve ser. Intenso.

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