Todo dia, às cinco horas, ele saía de casa, atravessava a rua em direção à escola e voltava com ela. Eram vizinhos os dois, de apartamento, mesmo andar. Ele gostava de buscá-la na escola.
- O que teve hoje?
- Muito dever. - ela respondia desanimada.
No outro dia:
- O que teve hoje?
- Lindas histórias - ela respondia sonhadora.
E no outro dia:
- O que teve hoje?
- Um aluno novo entrou na sala.
E era assim, sempre assim. De segunda a segunda. Até segunda...
- O que teve... Você deixou isso cair!
Era um papel onde ele conseguiu ver um coração e ler um nome antes que ela o tirasse rapidamente de suas mãos. Nesse dia ela não respondeu o que teve. Nesse dia ele percebeu que queria ser mais do que o garoto que buscava. Ele acabara de perceber que já era o garoto que amava.
No outro dia, quando ele foi buscá-la na escola, tinha um papelzinho nas mãos.
- O que teve hoje?
- As provas marcadas.
- Você deixou cair esse papel!
- Não é meu...
E ela nem viu o coração que ele havia desenhado mais cedo.
E no outro dia:
- O que teve hoje?
- Não acredito ainda que errei essa questão da prova! A resposta era boba de tão óbvia!
Ele abriu o portão com o braço em que tinha escrito EU TE AMO, de forma a deixar as letras bem visíveis. Mas a prova não deixou que ela visse o braço dele.
De amanhã não passaria. Chega de ficar noites em claro pensando em como seria se ela soubesse. Dessa vez ela saberia.
Hoje ele não atravessou a rua, parou no meio. Quando ela apareceu no portão, dele abriu a jaqueta deixando à vista a camisa com as palavras que ele logo disse:
- Eu te amo!
- Cuidado!
Ela o empurrou caindo sobre ele enquanto um carro passava por eles buzinando.
- Pensei que você não fosse mais falar! Como demorou! Eu também amo você!
Se beijaram. Da forma que caíram no passeio, ela sobre ele, se beijaram.
- Esses jovens de hoje em dia! - uma senhora descia a rua.
Amor quase fatal! Legal, mostra como devemos correr atrás do que queremos rápido. =D
ResponderExcluir